quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Imprensa e Internet: Diversidade na Busca por Informações Automobilísticas.

Foto: Divulgação da Equipe Lotus - Renault


O duelo mídia impressa versus mídia eletrônica é tema recorrente entre jornalistas, estudantes e pesquisadores de comunicação. Há os que acreditam que uma esteja acabando com a outra. Há os que enxergam complementaridade ao invés de rivalidade. Eu quero dar um testemunho comparativo de épocas distintas da minha relação com os veículos de comunicação, mas escolhendo um parâmetro, o mesmo momento em que mais consumo notícias da Fórmula 1 – a pré-temporada.

O objeto dessa pesquisa pessoal pretende buscar na memória o que eu fazia para saber dos carros e pilotos nessa fase de maior expectativa e menor visibilidade do calendário automobilístico e comparar com o que faço agora. O recorte temporal será delimitado: os meses de dezembro e janeiro de meados da década de 1990 (ou simplesmente, antigamente, quando eu não tinha acesso à internet); e os meses de dezembro e janeiro de 2013 (ou simplesmente, hoje em dia).

Williams vermelha. Uma surpresa que chegou pelos jornais
Antes...

Antigamente eu sofria, junto com minha avó, a falta dos carrinhos barulhentos passando na TV. Ela, que era fã, reclamava de saudade: “Ah nem! Essa Fórmula 1 é muito ‘excumungada’! Acaba em outubro e só volta em março. Judia da gente!” Pois é. Nesse intervalo pouco restava aos fãs a não ser esperar.


E eu esperava sentado, lendo os jornais. Era por eles que eu ficava sabendo as poucas novidades que surgiam entre os meses de dezembro (troca/ contratações de pilotos) e janeiro (apresentação dos novos carros para a temporada e os primeiros testes na pista). Cada dia eu percorria as páginas em busca de uma foto ou manchete relacionada. Na maioria das vezes, não encontrava nem uma nota.

Hoje em dia...

Quinze anos depois ficou muito fácil. As mesmas empresas de comunicação que eu consultava na época dispõem agora de seções organizadas especificamente para a F1 em seus websites. Posso conferir o que já saiu de notícia e escolher quais manchetes (hyperlinks) abrir para ler mais. Elas estão dispostas em ordem cronológica. Assuntos comuns são relacionados por tags. Posso ver dezenas de fotos dos carros lançados. Cada equipe tem sua galeria de imagens em alta definição. Nem preciso mais sujar minhas mãos (de tinta) em busca de uma mísera foto, granulada e opaca, numa página no fim do caderno de esportes.

Aliás, nem preciso mais de grandes “mediadores”. A maioria das equipes divulga tudo isso em seus respectivos sites e lançam as novidades pelos perfis das redes sociais. A relação hoje é tão mais direta que eu pude ver como ficou a nova Lotus antes de qualquer mídia esportiva mostrar as fotos. O próprio piloto Kimi Raikkonen revelou a belezura negra sobre rodas, pelo Twitter.

Logo...

É fácil concluir que hoje não precisamos da mídia impressa para saber de algum assunto de nosso interesse. Basta colocar o termo que se quer no Google, seguir o perfil de uma empresa ou personalidade pelas redes sociais, abrir sites favoritos, e sair pulando de aba em aba.


Mas eu diria que a mídia impressa faz seu “papel” justamente quando reúne, organiza e divulga assuntos de interesse geral, coletivo – quando fala de tudo aquilo que eu não correria atrás, por minha conta. Nos idos de 1990, ao folhear os jornais, acabava passando (ainda que na velocidade de um Fórmula 1) por Política, Economia, Cultura, assuntos da cidade, do “estrangeiro”, etc. Nesse passeio, acabava informado.
 Pelo Twitter, Kimi Raikkonen divulga foto do companheiro, Romain Grosjean, na primeira volta do novo carro em 2013.

A imprensa deixa registrado, materializado, fincado no tempo. Deixa vestígios para a História. Além disso, tem maior grau de confiabilidade. Por ela, corremos menos riscos de ser enganados com informações soltas sem critérios pelas ondas da web – como a veiculada pelo twitter ‘hackeado’ de Paul di Resta, piloto da Force India. Ele tinha confirmado a vinda de Bruno Senna para o time em 2013. O que se verificou, depois, é que o brasileiro nem mesmo correrá pela Fórmula 1.