foto: Eduardo Knapp/Folhapress |
Pela televisão, a cena. Repórter se aproxima da manifestante agachada com uma caneta à mão sobre a cartolina em branco. "O que você vai escrever aí?" - "Não sei. Tô pensando ainda."
Juventude acéfala e irresponsável. Milhares de inocentes emprestam seus corpos para um teatro sem direção. Brincam de revolucionários. Querem tudo mas não têm controle sobre nada.
"SEM VIOLÊNCIA" (carros queimados)/ "SEM VIOLÊNCIA" (prédios históricos depredados e pichados). "SEM VIOLÊNCIA" (jornalistas agredidos). "SEM VIOLÊNCIA" (começa a onda de saques)
"É uma minoria que não nos representa". E quem os representam? Quem são vocês? O povo unido jamais seria vencido. Cadê a união, a coesão? Qual o propósito disso tudo?
"Acredite... Não é por 20 centavos!" Antes fosse. Teríamos um problema concreto, uma indignação justa e uma discussão possível com o poder público. Como a tarifa de transporte é confeccionada? Que parte cabe ao município, ao estado ou a união? Que empresas participaram do processo licitatório? Qual é/ foi a regra do jogo? O lucro previsto? O que pode ser feito?
Mas não querem discussão. Se dizem democráticos mas não querem saber de partidos. O sistema representativo parece lento e distante demais. Nunca procuraram um caminho. Querem um atalho para o mundo perfeito.
Soluções "democráticas" que circulam pelas redes sociais |
Nas ruas, os poucos manifestantes que mostram a cara, e a bandeira política, são obrigados a baixá-las. "SEM PARTIDO!... SEM PARTIDO!.... SEM PARTIDO!"
Se autoproclamam "apolíticos". Como se milhares de pessoas entupindo as ruas não fosse um discurso político, poderoso e perigoso. Que diz mais que as babaquices escritas nos cartazes. Que interessa a muita gente, muito mais esperta e organizada.
Inflamaram as massas. E o fogo parece incontrolável. Tenho receio de quem vai aparecer para apagá-lo.
Para Platão, em A República, a democracia se extrema na anarquia que conduz à tirania. É um processo que se pode reger.
— NILSON LAGE (@nilsonlage) June 18, 2013