domingo, 26 de fevereiro de 2012

Foi num Vasco e Fluminense...


Hoje é dia de Vasco e Fluminense pela final da Taça Guanabara de 2012. Mas o Vasco e Fluminense mais importante da minha vida aconteceu em 1994, pelo quadrangular final do Campeonato Carioca daquele ano. Era última rodada e quem ganhasse consagraria-se campeão.

Não lembro ao certo porque torcia pelo time de branco e preto com a cruz de malta no peito. Talvez para ser diferente do meu irmão, que já gostava de futebol e tinha o Flamengo como time, ou talvez - e mais provável - pela influência do meu avô, veterano vascaíno.

A certeza é que aquele time mágico do Vasco de 94 me conquistou de vez naquele dia. Mais do que arrebatarem o título e um torcedor - os 2 gols de Jardel, mostrados pelo televisor e narrados pelo entusiasmante Januário de Oliveira - trouxeram a alegria do futebol pela primeira vez a uma criança que só sabia ver Fórmula 1, e tinha acabado de perder seu grande ídolo, Ayrton Senna.

O futebol me ensinou, então, a força, o poder e a beleza do jogo coletivo. Que torcer por muitos talvez fosse melhor do que fixar-se no individual. Que mesmo perdendo o grande craque (o brilhante Denner havia falecido durante o campeonato), o time permanece - inclusive, na memória deste torcedor que ainda se lembra dos nomes do goleirão Carlos Germano, do lateral Pimentel, do xerife da zaga, Ricardo Rocha, dos meio-campistas Leandro e Yan, e dos atacantes Valdir e Jardel.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Anedota Mineiro-Candanga Real


Este diálogo aconteceu na saída do trabalho, por meio de uma ligação telefônica:

- Pai, bão? É que eu tô saindo do serviço agora e aqui em Sobradinho hoje teve mó chuva, blackout, ficou sem energia de tudo. Nem teve como trabalhar direito. Comé que tá aí na Asa Norte?
- Uai, aqui tá normal.
- Sério?!... Porque sempre que chove muito acaba a energia aí no Plano.
- Não, tá normal. Por quê?
- Pô! Queria saber porque tô programado de ir pra academia agora. Mas se não tiver energia lá, já iria direto pra casa.
- Humm... Sei. Tá querendo fugir da academia né seu preguiçoso!?
- Não uai! Só não quero perder viagem. Enfrentar mais trânsito à toa.
- Bom... A princípio tá tudo ok, mas eu também já tô saindo do trabalho e passo lá na frente pra ver se tá funcionando. É caminho de casa mesmo.
- Beleza! Me liga de volta, então, avisando.
- Pódeixá!
  [...]
Alguns minutos depois:
- Filho, passei por lá!
- E aí?...
- Tem energia.
- Sério?!...Muita?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

10 anos de Brasília


Neste fevereiro de 2012 faz 10 anos que eu saí do interior para tentar a vida na cidade grande... Mentira! Minha vinda para Brasília não teve nenhuma causa importante ou qualquer aspecto emocionante - a não ser para minha mãe, que chorou ao ver meu ônibus partir da rodoviária de Uberlândia. A história que conto agora não tem o mesmo drama que a de um tal João de Santo Cristo.

Eu era apenas um entediado jovem de 17 anos querendo mudar de ares. Na verdade, queria ter ido pra Goiânia, onde meu pai morava, mas ele já havia migrado de lá. Este sim viveu uma espécie de saga pessoal. Deixou o conforto do lar e sua esposa, temporariamente, para dividir com um amigo um apartamento mobiliado apenas com geladeira e colchão, em cima de uma oficina na asa norte. Depois, já com a mulher por aqui, foram para um apêzinho de 2 quartos, ainda na asa norte, até chegarem a um confortável 3 quartos com suíte no sudoeste, onde me receberam.

Lembro que cheguei em Brasília num dia e fui para o colégio no outro. O colégio, por sinal, não era aquele em que eu estava inicialmente matriculado - um tal de "Ícone", não conseguiu fechar turma para o 3º ano. Então fui para o Dromos, onde comecei minha vivência brasiliense e vi que a juventude daqui não era tão diferente.

De lá pra cá houve apenas uma ameaça à minha permanência na capital, e foi logo após o fim do segundo grau. É que havia passado no vestibular da Federal de Uberlândia, pra Ciência da Computação, e não acompanhei a 3ª chamada. Logo, perdi o prazo de matrícula mas nem me desesperei pela oportunidade perdida. No mesmo dia em que descobri isso - pouco antes, pela manhã - havia decidido, convicto, o meu destino: fazer o curso de História na Universidade de Brasília. Passar no vestibular não foi difícil, e assim ingressei na Unb, onde passei a maior parte de minha vida candanga.

Da Unb e da Asa Norte, onde fui morar, surgiram os melhores amigos, os amigos caminhoneiro(a)s e descaralhada(o)s, a primeira namorada, a galera do futebol, as festinhas, os bares, e claro, os milhares de textos lidos ou apenas fotocopiados. Asa Norte foi onde aprendi a correr, no Parque Olhos D'água. Unb foi onde mais me nutri, de comida e sabedoria popular, no saudoso R.U. Do curso mesmo, pouca coisa ficou, já que não consegui seguir carreira como pesquisador, nem como professor.

Profissionalmente, segui outros passos, e Brasília foi o palco de todas minhas experiências profissionais. Desde os pequenos bicos, como fiscal de prova e monitorias, durante a faculdade, até uma uma pequena passagem pelo Correio Braziliense, como estagiário. Quase me formando, entrei casualmente na onda de fazer um concurso público, por sugestão de uma namorada, e acabei passando. Virei servidor público na ANAC, e donde tenderia haver apenas coleguismo profissional, surgiram amizades incríveis e duradouras.

Seria difícil contar toda minha experiência e todos os lugares por que passei em Brasília em um único texto. Mas é bom relembrar, antes de terminá-lo, que já tive rápidas passagens pelo Uniceub, fazendo direito; pelo Dulcina, fazendo teatro; e pelo SENAC, fazendo lógica computacional. Já fui ao Pistão Sul, Conic, Água Mineral e Facita. . Já bebi (e cantei) na Praça dos Três Poderes, na pracinha da Palato e no karaokê do Strangers; já comi o Rodoburguer, o pastel Viçosa e a pizza Dom Bosco. E posso dizer, com orgulho, que nunca corri de sunga do parque; nunca falei "carái véi", nem usei os vocativos "véi", "velho", ou "brother".

Neste meu último ano resolvi fazer o curso de Jornalismo, de volta ao Ceubão, e agora estou trabalhando no Tribunal de Justiça do Distrito Federal - onde nunca imaginei ou sonhei estar, mas adorando a experiência e a dinâmica do trabalho. Ainda não encontrei Maria Lúcia, mas também nenhum Jeremias. Para quem chegou aqui sem ter ideia do que fazer, até que teve bão, né?!