sábado, 22 de outubro de 2011

Kant e a Coca



Em estudos recentes sobre Ética e Moral na faculdade, deparamo-nos com a clássica formulação do imperativo categórico de Immanuel Kant: "age de tal maneira que possas ao mesmo tempo querer que a máxima da tua vontade se torne lei universal". Baseado em uma concepção do ser humano racional e livre, daí viria o seu agir necessário e universal.

As críticas a Kant também foram relembradas, evidenciando o caráter individualista e pouco prático de sua teoria (baseada em uma razão tão pura e racional que nem existiria, desprendida da história, da cultura e tradições). Mas o problema com o individualismo foi o que pegou em sala de aula, e a principal questão que ficou foi: "a ética/ moral na sociedade poderia depender da consciência e ação de cada indivíduo?"

Eu respondi que sim, oras! Para que o bem e o bom se tornem regra no mundo, podemos contar sim com as ações individuais. Caso contrário, o caos prevaleceria, a vida em sociedade não seria possível. E não me venham dizer que são o Estado e a Lei que a promovem ou garantem. Ninguém age assim ou assado por conta de um código escrito. É muito mais o que pensamos e como agimos em termos de certo e errado, bem e mal, nas diversas situações da vida. Ainda que a origem desses valores venha de fora (da cultura, da família, da história), é na ação individual que a ética se realiza, se perpetua ou se modifica.

É por isso que fico tranquilo em depender das pessoas. Não é preciso averiguar e comparar os números da produção de tanque e bichinhos de pelúcia pelo mundo, ou saber se para cada corrupto existem não sei quantos mil doadores de sangue. A Coca-Cola está certa: os bons são maioria. Em seu recente e bem sucedido comercial, ela não revelou qualquer segredo, antes se apropriou da condição de existência da humanidade: os bons têm que ser maioria!



3 comentários:

chico macedo disse...

Como dizia o grande super-herói latino-americano: "Sigam-me os bons"! (COLORADO, Chapolin)

Eu já contava com a sua astúcia, Sérgio. Parabéns pelo texto.

O traço do desenho é realmente bem legal. Menos é mais. Preste atenção. Parece algumas ilustrações que vemos na revista Piauí vez ou outra.

Abraço, Chico.

epnmacedo disse...

Instigante, SB, muitíssimo instigante. Acho que o Kant era muito "cada um por si e Deus por todos" e pouco "um por todos e todos por um." Agora que desenho fera, hein? Muito massa mesmo!

Saudades dos seus posts! Mande mais!

Besos,

Ester
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Hidel1608 disse...

Sergiles, belo texto.

Sim, também acredito que os bons são maioria, é só olhar em volta; e que sim, ainda há jeito e tempo para boas ações.

Abraços!