sábado, 31 de dezembro de 2011

Relacionamento Sério: A Melhor Opção =/



Vários dias pensando sobre o assunto, duas noites em claro construindo um texto, fazendo o rascunho, preparando os argumentos, amarrando-os de forma lógica e até certo ponto criativa. Texto publicado. Quase tudo perfeito para a consolidação de uma crítica contundente a certo costume disseminado nas redes sociais - o de pessoas escolherem o status denominado "relacionamento sério" para definirem suas relações de "namoro"-, se não fosse por um grande erro de minha parte:

O Erro

Faltou-me, simplesmente, conhecer do objeto. Testar o sistema, verificar as opções fornecidas pelo Facebook (a principal mídia social, e na qual a criticada opção aparece tanto). Tivesse feito isso, constataria que não existe o status "namorando", e portanto, não há alternativa melhor para os enamorados do que o insípido "relacionamento sério" mesmo. Afinal, "noivo(a)" e "casado(a)" servem para outros estágios da paixão; "relacionamento enrolado" e "amizade colorida" são eufemismos de putaria; e viúvo(a), separado(a) ou divorciado(a) representam sofrimento demais para alguém divulgar isso.

A Justificativa

1. Inabilidade com a ferramenta: atire a primeira pedra aquele quem achou em menos de 20 minutos o caminho para trocar o status de relacionamento no Facebook! Aliás, deve ter gente que nunca o encontrou ou sequer sabe que existe. Depois da minha terceira tentativa, confesso que desisti de procurar. Não é fácil achar a caixa de diálogo que fornece as possibilidades de definição do relacionamento. Ainda nesse sentido e em minha defesa, é sabido que o próprio co-fundador da mídia, Eduardo Saverin, teve problemas com sua namorada por não conseguir mudar sua situação de solteiro para alguma que revelasse seu compromisso com a moça.

2. Transposição de mídias: se não existe no Facebook, o status "namorando" sempre esteve firme e forte no Orkut, onde apareceu primeiro e marcou presença no imaginário dos internautas brasileiros. Parecia óbvio que as opções fossem as mesmas para ambas as redes, mas as traduções diversificaram e nos deram a chance de escolhermos também entre amizade colorida, no Facebook, ou casamento aberto (???) no Orkut. De qualquer forma, eu não podia achar que as mídias se equivalessem em qualquer aspecto.

A Retratação

Eis então que venho por meio desta nota retratar-me perante os milhões de casais de namorados brasileiros, ofendidos por minha crítica descabida e infundada às suas supostas péssimas escolhas de autodivulgação de relacionamentos em redes sociais, em particular à do facebook. Conforme visto, lá não há alternativa digna dos nossos costumes. Tenho medo que um dia tenhamos que escolher "Em uma data" para mostrar que estamos namorando alguém.

O Aprendizado

Fiz questão de manter a postagem anterior, coerente e plausível na sua construção - pronta a formar uma opinião - porém viciada em sua própria materialidade, sem objeto válido que a sustentasse. Que sirva de exemplo, ainda que simples e elementar, dos perigos e delicadezas de quem lida com informação, seja produzindo ou consumindo-a. O blogue vai cumprindo assim sua função didática vislumbrada lá nos primeiros rabiscos.

Um comentário:

chico macedo disse...

Fala, Sérgio. Continuo achando que as pessoas (todas elas) estão erradas. As limitações da ferramenta não invalidam o seu argumento. Encaixamo-nos em caixinhas porque queremos. Abraço, Chico.