Neste fevereiro de 2012 faz 10 anos que eu saí do interior para tentar a vida na cidade grande... Mentira! Minha vinda para Brasília não teve nenhuma causa importante ou qualquer aspecto emocionante - a não ser para minha mãe, que chorou ao ver meu ônibus partir da rodoviária de Uberlândia. A história que conto agora não tem o mesmo drama que a de um tal João de Santo Cristo.
Eu era apenas um entediado jovem de 17 anos querendo mudar de ares. Na verdade, queria ter ido pra Goiânia, onde meu pai morava, mas ele já havia migrado de lá. Este sim viveu uma espécie de saga pessoal. Deixou o conforto do lar e sua esposa, temporariamente, para dividir com um amigo um apartamento mobiliado apenas com geladeira e colchão, em cima de uma oficina na asa norte. Depois, já com a mulher por aqui, foram para um apêzinho de 2 quartos, ainda na asa norte, até chegarem a um confortável 3 quartos com suíte no sudoeste, onde me receberam.
Lembro que cheguei em Brasília num dia e fui para o colégio no outro. O colégio, por sinal, não era aquele em que eu estava inicialmente matriculado - um tal de "Ícone", não conseguiu fechar turma para o 3º ano. Então fui para o
Dromos, onde comecei minha vivência brasiliense e vi que a juventude daqui não era tão diferente.
De lá pra cá houve apenas uma ameaça à minha permanência na capital, e foi logo após o fim do segundo grau. É que havia passado no vestibular da Federal de Uberlândia, pra Ciência da Computação, e não acompanhei a 3ª chamada. Logo, perdi o prazo de matrícula mas nem me desesperei pela oportunidade perdida. No mesmo dia em que descobri isso - pouco antes, pela manhã - havia decidido, convicto, o meu destino: fazer o curso de História na
Universidade de Brasília. Passar no vestibular não foi difícil, e assim ingressei na Unb, onde passei a maior parte de minha vida candanga.
Da Unb e da Asa Norte, onde fui morar, surgiram os melhores amigos, os amigos caminhoneiro(a)s e descaralhada(o)s, a primeira namorada, a galera do futebol, as festinhas, os bares, e claro, os milhares de textos lidos ou apenas fotocopiados. Asa Norte foi onde aprendi a correr, no Parque Olhos D'água. Unb foi onde mais me nutri, de comida e sabedoria popular, no saudoso
R.U. Do curso mesmo, pouca coisa ficou, já que não consegui seguir carreira como pesquisador, nem como professor.
Profissionalmente, segui outros passos, e Brasília foi o palco de todas minhas experiências profissionais. Desde os pequenos bicos, como fiscal de prova e monitorias, durante a faculdade, até uma uma pequena passagem pelo
Correio Braziliense, como estagiário. Quase me formando, entrei casualmente na onda de fazer um concurso público, por sugestão de uma namorada, e acabei passando. Virei servidor público na
ANAC, e donde tenderia haver apenas coleguismo profissional, surgiram amizades incríveis e duradouras.
Seria difícil contar toda minha experiência e todos os lugares por que passei em Brasília em um único texto. Mas é bom relembrar, antes de terminá-lo, que já tive rápidas passagens pelo
Uniceub, fazendo direito; pelo
Dulcina, fazendo teatro; e pelo
SENAC, fazendo lógica computacional. Já fui ao Pistão Sul, Conic, Água Mineral e Facita. . Já bebi
(e cantei) na Praça dos Três Poderes, na pracinha da Palato e no karaokê do Strangers; já comi o Rodoburguer, o pastel Viçosa e a pizza Dom Bosco. E posso dizer, com orgulho, que
nunca corri de sunga do parque; nunca falei "carái véi", nem usei os vocativos "véi", "velho", ou "brother".
Neste meu último ano resolvi fazer o curso de Jornalismo, de volta ao Ceubão, e agora estou trabalhando no Tribunal de Justiça do Distrito Federal - onde nunca imaginei ou sonhei estar, mas adorando a experiência e a dinâmica do trabalho. Ainda não encontrei Maria Lúcia, mas também nenhum Jeremias. Para quem chegou aqui sem ter ideia do que fazer, até que teve bão, né?!