A paisagem vermelha e plana em volta do aeroporto de
Calama, no Chile, já me deixou entusiasmado a ponto de expressar um “UAU”
(mental), na saída do avião. Enquanto Roberto Carlos tocava no CD - player da
van que nos levava pelos 100km até San Pedro de Atacama, fiquei grudado no vidro igual
criança, de olhos bem abertos para o inédito. No caminho, o relevo já se apresentava
acidentado, o terreno rochoso; o vermelho dava espaço para o branco do sal e o
amarelo-claro da areia.
Ainda “imitando” o vilarejo
goiano, o primeiro passeio clássico a ser feito é ao Vale da Lua. É recomendável
contratar excursão com guia e transporte. As agências de turismo formam os grupos
de interessados e pegam todos na porta das pousadas e albergues. Em pouco tempo
você está sacolejando ao lado de pessoas do mundo inteiro dentro de um
microônibus com suspensão ativa a caminho de um local surpreendente.
Mas basta fazer os passeios às Lagunas Altiplânicas, Ojos del Salar ou aos Gêiseres del Tatio, para que o azul
refletido nas águas nos lembre que trata-se apenas de um paraíso na Terra, onde
até a vida prospera na forma de cactos, lhamas e flamingos. Confesso que os
Gêiseres me decepcionaram. Esperava ver água do fundo da terra jorrando no céu,
causando estrondo e pânico, chegando a 20 metros de altura, pelo menos. Mas o
que vi foi uma “fumacinha” suave e tranquila, o vapor de água quente resfriada
na saída das várias cavidades terrestres. Impressionante mesmo é frio de doer e
fazer careta, às 6 da manhã e a 4.300m de altitude. Na volta, tem banho em
águas termais, já com sol e temperatura mais aceitável. O melhor mesmo foi
conhecer o povoado Machuca, vivendo quase rusticamente no meio do
nada.
De todas as atrações a que eu mais
gostei foi a dos Ojos del Salar. Uma
combinação que começa na Laguna de Cejas,
passa pelos Ojos e termina na Laguna Tebinquiche. No primeiro lugar é
possível ficar “de boa na lagoa”, sem se afundar – graças à alta concentração
de sal na água, similar à do mar morto, que impede qualquer tentativa de
submersão. Já os Ojos são dois
laguinhos profundos de água doce, semelhantes em diâmetro, sozinhos na
imensidão de uma planície desértica.
Por último, dá pra caminhar
sobre as águas da extensa Laguna
Tebinquiche. Mais uma vez a mágica é explicada pelo sal, que agora
cristalizado, deixa toda a lagoa com a profundidade de alguns centímetros.
Após brincar de Jesus, voltei à margem para contemplar a paisagem. De um mesmo ponto dava pra mirar dois
cenários. De um lado a mistura de cores quentes e frias de um oásis no deserto.
Do outro, o contraste de luz e sombra provocado pelo Sol poente. No crepúsculo,
o Astro-rei deixou claro nossa insignificância no mundo.
Todas as fotos foram feitas com um celular Sony Xperia Arc em dezembro de 2011
3 comentários:
O Atacama é mais um cenário a conhecer. Como paisagem, parece diferente de tudo o que já vi.
Abraço, Chico.
Caramba, não imaginava que era isso tudo. Apesar dos relatos similares (em alguns pontos) dos Andes Bolivianos, no livro Pelada, toda essa paisagem me surpreendeu. Não conhecia nada a respeito. Muito legal!
Tô esperando os relatos sobre a Argentina. Aí sim poderei dar uns pitacos (hehe). De qualquer forma, um relato de viagem parece ser mais interessante quando vc não conhece o lugar ainda. A novidade, mesmo em forma de texto, é sempre muito legal.
Abraço!
Nossa, que saudades desse lugar!!! Depois do sorriso da minha filha, foi a coisa mais linda que eu já vi na vida. :)
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