Adorava dizer isso aos anfitriões.
Primeiro aos chilenos; depois aos argentinos. Há pouco mais de dois anos, entre
novembro e dezembro de 2011, cruzei pela primeira
vez a fronteira do Brasil. Ok! Eu já tinha colocado os pés em outro país, o
Paraguai, mas foi tão rápido e por um motivo tão besta (fazer compras num
shopping com nome chinês e pessoas falando português nas lojas) que nem pude
considerar isso uma experiência internacional.
Ao aterrissar no “Aeropuerto” de
Santiago no Chile me senti – finalmente e orgulhosamente – um estranho. Pouco antes, enquanto sobrevoava os Andes, comecei a
perceber que estava, de fato, bem longe de casa (infelizmente a escuridão da
noite não me permitiu vislumbrar direito os famosos montes nevados). Comissários
de vôo já me perguntavam o que gostaria de jantar em espanhol. Aprendi ali que pollo era frango, e isso foi de grande
serventia no restante da viagem.
Nunca estudei espanhol. Acreditava
que o idioma fosse parecido demais
com o português para me preocupar. O livrinho de bolso que levei até me ajudou
a pedir o taxi para a calle certa,
onde ficava o albergue, mas daí em diante apanhei bastante. A começar pela
tentativa de puxar conversa sobre futebol com o taxista. Ele custou a entender
que el juego ao qual me referia era o que estava prestes a acontecer entre
Universidad de Chile e o meu Vascão, ali mesmo em Santiago. O diálogo correria mais fácil se eu soubesse que um
jogo de futebol é na verdade, e simplesmente, un partido.
Andes Hostel. Aqui fiz amigos e ensinei como se joga a sinuca brasileira |
No começo da madrugada ao hostel cheguei,
pero mi español foi-se embora de vez. O jovem que atendia do outro lado do
balcão interrompeu meu gaguejar e
avisou que eu poderia falar em português. Confirmei minha reserva. Fiquei mais
aliviado pela estréia bem sucedida do cartão de crédito internacional. Fiz
check-in e fui para o meu “quarto-cela” individual. O normal de um albergue é
dividir quarto com a galera (conhecida ou não). Mas na minha primeira noite
fora queria ter o sossego dos solitários.
Fiquei querendo. Meu quarto tinha
janela virada pra rua mais movimentada das redondezas. A região central e boêmia
não dormia tão cedo. Fiquei ali na cama, olhando pro teto, ouvindo barulho de
pessoas conversando, garrafas quebrando, caminhões de lixo e de bombeiros
passando. De manhã, acordei com barulho de obras e o sol que invadia o quarto.
O verão chileno é seco e quente, e nesse clima levantei, tomei café e saí pra
passear. Caminhando, conheci
lugares, pessoas e vivi situações que valem a pena compartilhar [em outros
textos; para você, de ler, não se enjoar].
2 comentários:
Beleza, Sérgio.
Relatos de viagem são sempre legais. O olhar estrangeiro nota particularidades que passam batidas para os "locais". Gostei bastante de Santiago. Conversei sobre futebol no Mercado Central e assisti a uma partida da La "U" no Estádio Nacional de Chile.
Abraço, Chico.
Muito legal, Sérgio. Adoro relatos de viagem. Minha próxima (e terceira ) viagem pela América do Sul certamente será pra Santiago.
Abraço!
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