sábado, 11 de janeiro de 2014

"És mi primera viaje internacional"


Adorava dizer isso aos anfitriões. Primeiro aos chilenos; depois aos argentinos. Há pouco mais de dois anos, entre novembro e dezembro de 2011, cruzei pela primeira vez a fronteira do Brasil. Ok! Eu já tinha colocado os pés em outro país, o Paraguai, mas foi tão rápido e por um motivo tão besta (fazer compras num shopping com nome chinês e pessoas falando português nas lojas) que nem pude considerar isso uma experiência internacional.
Ao aterrissar no “Aeropuerto” de Santiago no Chile me senti – finalmente e orgulhosamente – um estranho. Pouco antes, enquanto sobrevoava os Andes, comecei a perceber que estava, de fato, bem longe de casa (infelizmente a escuridão da noite não me permitiu vislumbrar direito os famosos montes nevados). Comissários de vôo já me perguntavam o que gostaria de jantar em espanhol. Aprendi ali que pollo era frango, e isso foi de grande serventia no restante da viagem.
Nunca estudei espanhol. Acreditava que o idioma fosse parecido demais com o português para me preocupar. O livrinho de bolso que levei até me ajudou a pedir o taxi para a calle certa, onde ficava o albergue, mas daí em diante apanhei bastante. A começar pela tentativa de puxar conversa sobre futebol com o taxista. Ele custou a entender que el juego ao qual me referia era o que estava prestes a acontecer entre Universidad de Chile e o meu Vascão, ali mesmo em Santiago. O diálogo correria mais fácil se eu soubesse que um jogo de futebol é na verdade, e simplesmente, un partido.

Andes Hostel. Aqui fiz amigos e ensinei como se joga a sinuca brasileira
No começo da madrugada ao hostel cheguei, pero mi español foi-se embora de vez. O jovem que atendia do outro lado do balcão interrompeu meu gaguejar e avisou que eu poderia falar em português. Confirmei minha reserva. Fiquei mais aliviado pela estréia bem sucedida do cartão de crédito internacional. Fiz check-in e fui para o meu “quarto-cela” individual. O normal de um albergue é dividir quarto com a galera (conhecida ou não). Mas na minha primeira noite fora queria ter o sossego dos solitários.
Fiquei querendo. Meu quarto tinha janela virada pra rua mais movimentada das redondezas. A região central e boêmia não dormia tão cedo. Fiquei ali na cama, olhando pro teto, ouvindo barulho de pessoas conversando, garrafas quebrando, caminhões de lixo e de bombeiros passando. De manhã, acordei com barulho de obras e o sol que invadia o quarto. O verão chileno é seco e quente, e nesse clima levantei, tomei café e saí pra passear. Caminhando, conheci lugares, pessoas e vivi situações que valem a pena compartilhar [em outros textos; para você, de ler, não se enjoar].

2 comentários:

chico macedo disse...

Beleza, Sérgio.

Relatos de viagem são sempre legais. O olhar estrangeiro nota particularidades que passam batidas para os "locais". Gostei bastante de Santiago. Conversei sobre futebol no Mercado Central e assisti a uma partida da La "U" no Estádio Nacional de Chile.

Abraço, Chico.

Bruno Cameschi disse...

Muito legal, Sérgio. Adoro relatos de viagem. Minha próxima (e terceira ) viagem pela América do Sul certamente será pra Santiago.

Abraço!